17 dezembro 2012

O COMBOIO MARAVILHAS



O COMBOIO MARAVILHAS

O Maravilhas subindo Louredo

 O comboio Maravilhas, era uma categoria, e toda a gente gostava dele. Fez precisamente cem anos, no dia onze do mês passado, que começou a dar os seus primeiros passos.

Todos os dias, mais ou menos à mesma hora lá vinha ele ofegante, a deitar cevada pelo bico o velho trem.

          O fumo enevoava a paisagem e as rodas deslizavam nos carris soltando um gemido de fadiga e dor mais parecendo um velho cântico de escravos.

        Mal apontava na recta da estação o seu silvo fazia-se ouvir. Passageiros e bagagens apareciam no cais. O velho Araújo lá ia com a bandeira debaixo do braço esperar o seu "Maravilhas" como ele lhe chamava.

        Enquanto os passageiros subiam e tomavam os seus lugares nos bancos de madeira nas carruagens cor de fumo, mestre Araújo enfia um tubo pelas goelas abaixo do" Maravilhas", dando-lhe de beber à dor. Por fim tirava do bolso uns trapos e limpava-lhe os beiços.

       Nos campos ouve-se o chilrear dos pássaros, e as costas dos pedreiros que trabalham na obra ao lado da estação reluziam ao sol.

       O comboio começava a arrastar as botas.

       À janela do trem via-se um menino acenando com a mãozita enquanto a outra segura o chupa-chupa.

Chegada à Praça Municipal

       Hoje já ninguém sabe onde pára o antigo comboio que subia de Novelas até ao centro da cidade de Penafiel.

       Agora sem graça, a nova geração "Maravilha" passa a toda a velocidade rumo à U.E., mas ao que dizem, por mais que corra chegará atrasado.

       Talvez quem sabe, aquele menino-homem conte aos seus rebentos as maravilhosas viagens do comboio "Maravilhas".

       Era uma vez ... ... ... ... ... ... ... ... ... .

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